A Especificação de Materiais e a Sustentabilidade

Postado em Sustentabilidade ,     Escrito por Coordenadora: Arq. MSc. Daniela Corcuera, LEED AP, Especialista AQUA, EDGE Expert & Auditor, USGBC ProReviewer e Coach    em público maio 27, 2015

Falar em especificação de materiais para construções, atualmente, remete à ideia de escolher materiais que reúnam conceitos como qualidade, durabilidade e custo financeiro, sem se esquecer, logicamente, da sustentabilidade. No entanto, a indústria de materiais ainda não está totalmente adaptada a essa nova realidade, de acordo com a arquiteta Daniela Corcuera. “A engenharia química tem desenvolvido uma série de novos materiais, mas na maioria das vezes, sem considerar a sua reciclabilidade futura”, afirma. “Esse conceito terá que ser incorporado nos novos materiais, pensando-se o produto do berço ao berço e não mais do berço ao túmulo”, diz Daniela, que também ministra o curso Especificação de Materiais para Construção e Certificação Sustentável, na AEA. A seguir, a entrevista concedida pela arquiteta.

AEA – Quais são os principais critérios adotados para a escolha de materiais utilizados nas edificações?

Daniela Corcuera – Devido aos impactos que o consumo vem provocando no meio ambiente, as preocupações ambientais têm contribuído para mudar um pouco essa ótica, acrescentado novos critérios à escolha materiais utilizados na construção civil.

AEA – Existem materiais que aliam bom gosto, conceitos de sustentabilidade e preço?

Daniela – Existem diversos materiais que se autodenominam ecológicos, mas que muitas vezes atendem apenas a alguns poucos requisitos.  Por isso, é importante ter a visão de ciclo de vida do produto e entender todos os prós e contras de aplicação desses materiais em todas as suas etapas. Independe de ser construção residencial, comercial ou industrial.  A adoção de materiais ambientalmente preferíveis depende mais de diretrizes de projeto do que da tipologia adotada.

AEA – Alguns dos materiais considerados ecologicamente corretos passaram a ser usados mais nos últimos anos?

Daniela – Muitos materiais com conteúdo reciclado passaram a ser utilizados sim nos últimos anos, porém, são produtos que no futuro serão um problema de nova reciclagem.  Alguns considerados recicláveis irão, na verdade, contribuir de forma diluída na produção de novos materiais, o que não pode ser chamado de reciclagem.

AEA – Até que ponto os materiais usados nas construções são moda e até que ponto representam evolução tecnológica ou conceitual do mercado?

Daniela – Uma coisa está amarrada a outra.  De certa forma, a moda é definida à medida que novas tecnologias vão sendo criadas, possibilitando a exploração de novas aplicações.

AEA – Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelos profissionais de engenharia e arquitetura na hora de fazer a especificação de materiais?

Daniela – As maiores dificuldades passam pela falta de conhecimento dos profissionais em relação aos critérios ambientais, além da falta de informação por parte dos fabricantes. É preciso incorporar na formação profissional conceitos de sustentabilidade relacionados à especificação de materiais.

AEA – Quais as alternativas para que haja evolução nesse sentido?

Daniela – Além de cursos de capacitação, como o da AEA, seria importante que os fabricantes criassem cartilhas e materiais informativos específicos sobre o assunto.

sobre o autor
Coordenadora: Arq. MSc. Daniela Corcuera, LEED AP, Especialista AQUA, EDGE Expert & Auditor, USGBC ProReviewer e Coach

Daniela Corcuera, arquiteta (1994) e mestre (1999) em Arquitetura Sustentável, ambos pela FAU-USP. É consultora da IFC - Banco Mundial para difusão e alavancagem do EDGE no Brasil; Ministra diversos cursos de atualização profissional e pós-graduação, é docente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Belas Artes, FAAP, SENAC e AEA; Daniela Corcuera é LEED Accredited Professional, pelo USGBC (United States Green Building Council), com especialidade BD+C (Building Design and Construction), a primeira brasileira, e segunda da América do Sul, EDGE Expert & Auditor pelo GBCI (Green Business Certification Inc.) e formada pela Fundação Vanzolini para auditoria AQUA, todos sistemas de certificação de empreendimentos sustentáveis; É Pro Reviewer do USGBC (U.S. Green Building Council) para avaliação de cursos educacionais de educação continuada.