Marcel Haratz, diretor da Comerc ESCO; Leonardo Ribeiro, gerente comercial de serviços de energia da ENGIE Brasil; e Carlos Schoeps, diretor da Replace Consultoria, falam sobre sustentabilidade, economia de recursos e capacitação do profissional de facilities.
Diversos pontos estão em questão quando falamos em gestão da energia e eficiência energética, como gestão de recursos cada vez mais escassos, certificações como a LEED (Green Building Council), redução de custos, a importância da capacitação dos profissionais de facilities, entre outros.
Para debater esse tema, a equipe de reportagem da AEA Educação Continuada entrevistou três especialistas: Marcel Haratz, diretor da Comerc ESCO; Leonardo Ribeiro, gerente comercial de serviços de energia da ENGIE Brasil; e Carlos Schoeps, diretor da Replace Consultoria. Confira abaixo:
AEA: Um condomínio como o CENESP (Zona Sul de SP), por exemplo, tem consumo igual ou maior ao de muitos municípios. Na sua opinião, qual a importância da gestão da energia e eficiência energética?
Marcel Haratz: Considerando que, em média, o Brasil desperdiça ½ Itaipu por ano, ou seja, 50% de toda energia produzida pela maior usina hidrelétrica do mundo acaba indo para o ralo em função da ineficiência, podemos cravar que o tema é fundamental para um Brasil que precisa ganhar competitividade. Isso é impactado, especialmente, pelo fato de nosso parque industrial ser muito ineficiente. Segundo uma pesquisa da ABIMAQ, a idade média do maquinário brasileiro é de 17 anos, mais que o dobro dos EUA (7 anos) e triplo da Alemanha (5 anos). A modificação desse cenário é parte importante do compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris sobre o clima (COP 23), que previa ampliação da nossa eficiência energética em até 10% até 2030.
Marcel Haratz
COMERC Esco
Leonardo Ribeiro: Tanto empresas, como cidades, estão atentas às novas tecnologias de mercado que estão permitindo digitalizar processos, monitorar utilities e, assim, ter dados para tomada de decisões para economia, tendo a possibilidade de fazer investimentos ou optar pelo modelo de financiamento, sendo este pago com a economia gerada.
Leonardo Ribeiro
ENGIE Brasil
Carlos Schoeps: Um condomínio como o CENESP tem consumo de energia maior que muitos municípios brasileiros. Ações de eficiência energética e gestão de energia são importantes para minimizar o uso de insumos energéticos cada vez mais escassos na natureza. Os administradores de condomínios, hoje, devem estar atentos às mais modernas técnicas de gestão e promover o uso das tecnologias de eficiência energética.
Carlos Schoeps
Replace Consultoria
AEA: O que podemos falar sobre recursos escassos, certificações como a LEED, que atestam a sustentabilidade dos novos edifícios?
MH: Uma gestão mais eficiente de energia pode ser extremamente positiva para a sustentabilidade. Em primeiro lugar, porque, ao se utilizar melhor, minimiza-se a necessidade de gerar energia nova. Definitivamente, é o melhor dos cenários. Em segundo lugar, porque planos de eficiência energética podem (e deveriam – na minha visão) ser acompanhados de projetos envolvendo matrizes sustentáveis.
LR: Novos empreendimentos já nascem com esta certificação já que o mercado adotou como regra e diferencial competitivo levar suas operações para prédios com o selo LEED. O desafio de empreendimentos já estabelecidos é buscar investimentos para um retrofit e se adequar ao novo modelo de mercado.
CS: As certificações de sustentabilidade, como o LEED, tem por objetivo promover e fomentar práticas de construções sustentáveis através da implantação de medidas práticas palpáveis e mensuráveis, criando sistemas de classificação e padrões para o desenvolvimento de edifícios sustentáveis. Ao longo do tempo, evoluiu para padrões de construção abrangentes e inter-relacionados, que abordam todos os aspectos do processo construtivo e operacional. Também tem por objetivo estimular a concorrência verde, sensibilizar os consumidores para os benefícios da construção verde e propagar a visão sobre o desempenho de um edifício ao longo do ciclo de sua vida útil.
AEA: E, com isso, é importante falar sobre as áreas e os gestores de facilities, como responsáveis por gerar economias para as organizações…
MH: Na minha visão, é fundamental falar sobre isso, até porque o mercado ainda conhece pouco sobre os benefícios que podemos gerar por meio de uma melhor gestão da energia. No formato dos serviços que oferecemos na Comerc ESCO, que é o braço de eficiência energética do grupo Comerc, estamos falando de um retorno de investimento a partir de 12 meses, com a vantagem de que o cliente não tem qualquer investimento inicial.
LR: Estes gestores estão agora assumindo novas e importantes funções que vão além de cuidar somente da boa execução dos serviços, e ampliando o campo de atuação focado na eficiência dos recursos. A economia de custos está no centro do raio de ações e precisarão ser priorizadas. Soluções que integram automação, monitoramento e operação dos sistemas de iluminação, controle de acesso, ar condicionado, geradores, entre outros, serão rotinas na vida destes profissionais.
CS: Atualmente, há um conjunto de soluções técnicas, gerenciais e de mercado que permitem desenvolver planos para redução de custos com a gestão dos insumos energéticos. Diversas soluções podem ser utilizadas: equipamentos de maior eficiência; soluções para geração de energia, como as placas fotovoltaicas e cogeração; contratação de energia no mercado livre; implantação de projetos de geração distribuída.
Com esse conjunto de soluções há possibilidades de alcançar expressivas reduções de despesas com energia. Em projeto desenvolvido pela Replace, a contratação de energia no mercado livre proporcionou redução de despesas superior a 30%. Na implantação de solução com geração fotovoltaica, a economia supera 20%. Ambas soluções foram implantadas com investimentos mínimos pelos condomínios envolvidos. A substituição de iluminação por lâmpadas LED resultou em redução do consumo da ordem de 15%.
AEA: Como o profissional de facilities pode se aperfeiçoar nestes quesitos?
MH: Acredito que, por se tratar de um momento novo no mercado de eficiência energética, é importante que o profissional comece a se familiarizar com esse tipo de projeto ainda no período de formação. Quanto mais incentivarmos esse tipo de projeto, mais rapidamente mudaremos esse cenário de perdas e desperdício, que infelizmente ainda rege o Brasil. O fator de mudança ainda está muito nas mãos dos altos executivos, então quanto mais pontos de contato tivermos sinalizando os benefícios da eficiência energética, melhor.
LR: Se capacitar será a chave para este profissional entregar bons resultados. Cursos de aperfeiçoamento e participação em eventos permitem adquirir conhecimento e experiências. Sem dúvida, investimentos na educação pavimentará o caminho para novos saltos da carreira.
CS: A gestão de energia, atualmente, apresenta um conjunto expressivo de soluções técnicas e de mercado, assim como também a gestão diária dos recursos energéticos evolui rapidamente, com novas técnicas de administração e soluções de softwares. Esses conhecimentos são dispersos e divulgados por diversos meios pelos fabricantes, desenvolvedores de softwares e consultores especializados. Os cursos da AEA têm papel importante nesse esforço para difundir as melhores práticas e tecnologias para gestão de facilities e aplicação das melhores soluções e práticas de mercado.
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Em um cenário de extrema competitividade, que exige mudanças rápidas, o Gerenciamento de Facilities trata da criação e implantação de estratégias, metodologias e processos que permitem desenvolver continuamente a prestação dos mais variados serviços, dando suporte à atividade fim das organizações, públicas ou privadas.
O Curso de Gerenciamento de Facilities, portanto, irá ensinar como avaliar e implantar soluções inovadoras, lançando mão de equipamentos e sistemas inteligentes e interligados, adequando as instalações e infraestrutura das edificações aos padrões mais modernos, respeitando a legislação vigente, abordando a atualização técnica e tecnológica dos ambientes.
Atualmente, a formação e preparação do profissional é um diferencial a ser considerado nas escolhas das empresas. Além deste aspecto, um profissional capacitado, engajado e motivado terá uma performance superior aos demais, principalmente em momentos de crise.
Público Alvo
Todos os profissionais que têm ligação direta ou indireta com os vários serviços da área de facilidades. São gerentes, supervisores e coordenadores de atividades voltadas para a infraestrutura das empresas (Facilities, Serviços, Manutenções e Utilidades) e que atuam em sites corporativos, redes financeiras e de varejo, shopping centers, indústrias, condomínios empresariais e residenciais, supermercados, escolas, hospitais.
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Esta capacitação visa trazer às equipes de O&M uma visão global da eficiência energética em edificações, abordando conceitos de todas as disciplinas envolvidas, trazendo exemplos práticos de medidas que podem ser aplicadas, exercitando cálculos de viabilidade e ampliando a capacidade analítica e objetiva na gestão do consumo de energia dos edifícios. O curso também apresenta a certificação LEED EB: O&M, que traz um guia para operação eficiente de edifícios comerciais. O curso é multidisciplinar por natureza, mas entra com detalhe na operação eficiente de centrais de ar condicionado, sistemas de automação predial e outros sistemas prediais fundamentais para a redução de consumo.
Como irá se beneficiar
Conhecer os principais sistemas consumidores de energia, e a reconhecer quando estiverem apresentando problemas ou operando ineficientemente.
Público alvo
Gestores prediais, técnicos e toda a equipe que atua no setor de facilidades e gestão predial (administradores, técnicos em edificações, automação, elétrica, ar condicionado e afins).