No Brasil, cujo cenário urbano conta com cerca de 250 cidades, com mais de 100 mil habitantes e grandes regiões metropolitanas, como a de São Paulo, Campinas, Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belo Horizonte, a verticalização das construções é inevitável.
A tendência é crescente e, ao que parece, irreversível no curto prazo, se levarmos em conta o alto grau de aquecimento do mercado imobiliário, motivado pelo baixo desemprego, inclusão socioeconômica e programas de incentivo à casa própria, como o “Minha Casa Minha Vida”.
Alguns estudos mostram que, desde 2003, 50 milhões de pessoas, população superior à da Espanha, ingressaram no mercado consumidor brasileiro. Aponta, ainda, que, nos últimos 21 meses, até maio de 2011, as classes C e AB cresceram 11,1% e 12,8%, respectivamente. Nesse período, 13,3 milhões de habitantes foram incorporados às classes AB e C, somando-se aos 36 milhões que ascenderam entre 2003 e 2009.
O expressivo volume de prédios residenciais em construção, para atender à demanda relativa aos novos consumidores, representa, sob um olhar urbanístico, uma excelente oportunidade de implementar o conceito de construção verde. O Brasil vivencia, sem dúvida, uma possibilidade ímpar de converter o aquecimento do mercado imobiliário num formidável processo de transformação das cidades, pontuado pela construção de edifícios sustentáveis e adequados à necessidade de preservar o meio ambiente.
Esses prédios, basicamente, devem conciliar conforto, qualidade da vida e os preceitos da sustentabilidade. Tais conceitos referem-se a distintos aspectos do prédio, a começar pela eficiência energética. É importante contar com alternativas de energia, como a solar, já estabelecida pela legislação, e buscar fontes alternativas que garantam a iluminação em caso de acidentes, a racionalização do consumo e a busca da eficiência total. Outro item essencial refere-se à água. O fato de o Brasil ter a maior reserva hídrica do Planeta, não significa que se deva desperdiçar o mais precioso dos líquidos.
Finalmente, é imprescindível que, em cada prédio, seja feita a coleta seletiva eficaz do lixo. O sistema ideal seria que esses resíduos separados fossem transportados a um “ecoponto” próximo, para a redução dos custos operacionais da logística, que são caros. Esta prática é essencial para o sucesso da Lei nº 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), contribuindo para a destinação ecologicamente correta dos rejeitos do consumo, responsabilidade que deve ser compartilhada pela indústria e o varejo. Essa legislação, que também prevê a erradicação dos “lixões” do país até 2014 e a construção de edifícios verdes em grande escala, pode representar, em curto prazo, a edificação de um novo Brasil urbano